domingo, 25 de outubro de 2009

Mãe Márciad'Oxum faz história no Candomblé

Mãe Márcia d'Oxum faz história no candomblé


O dia 5 de setembro foi histórico para o candomblé no Rio de Janeiro. Data em que Mãe Márcia d'Oxum celebrou o primeiro casamento afro com legitimidade civil. A emoção foi dobrada porque a noiva era sua filha, a universitária Arethuza Mara, que realizou o sonho de se casar com Wilian Jeferson, dentro da tradição iorubá. "Eu luto por várias causas da defesa da matriz africana. Tem que haver legalidade em tudo que nós fazemos e temos direito. Minha filha foi criada no candomblé. Ela se iniciou aos 5 anos. Por que o batizado ou o casamento só são reconhecidos de verdade se forem realizados na igreja? Foi o próprio noivo que questionou: "Por que temos uma religião e vamos nos casar em outra?"", conta Márcia.
Emocionada com o pedido dos noivos, Marcia foi ao cartório e conseguiu a certidão de celebração como ministra de culto. Como seu terreiro é legalizado há mais de três anos, ela obteve o documento. Depois, mandou confeccionar o livro de registro em uma gráfica. Para Márcia, que participará amanhã, às 10h, da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, em Copacabana, é muito importante que religiosos de matriz africana cada vez mais defendam sua identidade. "Temos que fortalecer qualquer movimento que nos dê respeitabilidade. É notório o crescimento do movimento contra a discriminação religiosa. Ano passado, levei quatro ônibus. Nesse, daria para encher seis. Quem foi, adorou ter ido e está chamando mais gente", conta a religiosa, baiana e filha-de-santo de Mãe Menininha do Gantois.
Agora, no terreiro, todas as filhas-de-santo querem se casar dentro da tradição. A beleza da celebração afro, que tem rituais de forte simbolismo como a virgem que lava os pés dos noivos e depõe a água na árvore sagrada e o pombo branco solto pelo casal ao fim da cerimônia, emocionou a comunidade. Cânticos em homenagem a Oxum (orixá feminino, é ligada ao amor e à fertilidade). "Os doze padrinhos colocavam pitadas dos elementos sagrados, como o ió (sal), em uma única vasilha, fazendo uma alquimia de bons fluidos. Os mais velhos também realizam o ritual. O axé é essa transmissão de palavra, que traz bons presságios. Juntos, os noivos soltam o pombo branco, que é o mensageiro, que levará esses desejos expressos nos elementos para o Orum (mundo superior)", explica Márcia.

Um comentário:

  1. Bença, minha mãe! Já visitei a casa da senhora junto a Mãe Rosângela de Ososi e Mogbá Paulo. Tenho grande admiração por seu legado no Candomblé, fazendo valer as tradições afro, com tanta competência e dedicação. Achar líderes que dê seguimento ao culto conservando as tradições, hierarquias, não esquecendo
    do público jovem, da importância da renovação e inovação de questões socias, tais como a que anteriormente pois em pauta, " a sustentabilidade e preservação do meio ambiente", realmente não é pra qualquer um. A senhora as minhas honras, respeito e admiração por ser essa yaelorixa que vem desempenhando esse papel com muita dignidade, conquistando o espaço dentro do Candomblé, quanto na sociedade. Um grande beijo, a sua benção e muito asé pra todos nós!

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