quinta-feira, 26 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

http://www.youtube.com/watch?v=Sq08qAKsViE

domingo, 1 de novembro de 2009

Sonhar é

.11.2009
8h00m
Sonhar é...

"Olorum quem mandou essa filha de Oxum tomar conta da gente e de tudo cuidar", diz a canção "Oração de Mãe Menininha", de Dorival Caymmi. Como reza a tradição africana, a mãe de santo baiana da casa do Gantois partiu para o Orum, o mundo espiritual do candomblé, em 1986, mas sua semente brotou em Sacramento, São Gonçalo. Iniciados na religião pela filha de santo de Mãe Menininha, Mãe Márcia d’Oxum, 25 adolescentes do município hoje vivem em uma pequena África fluminense. Formaram um coral afro, dançam como seus ancestrais para reverenciar as divindades da natureza. E, na sombra de árvores vindas do continente africano, como o iroko, sonham o dia em que não serão mais discriminados. — Eu não gosto nem de falar no colégio sobre religião. Não aceito que digam nada da minha. Sei que não vou mudar as ideias de ninguém. Mas não admito que determinem o que tenho que fazer da minha vida — diz, firme, Brenda Porto Ferreira, de 17 anos. A adolescente conta que encontrou forças nos orixás para superação de uma doença que a acompanhou desde o nascimento: a hidrocefalia. Aos três meses, foi submetida a cirurgia para instalar uma válvula no cérebro capaz de drenar o líquido do corpo. Brenda cresceu sob os olhares temerosos da família e da mãe de santo, que lutaram juntos pela recuperação. À medicina, somaram-se os esforços de mãe Márcia, que acumula mais de 4 mil livros sobre cultura africana. — Fui criada como um bibelô. Eu queria ser um gigante e me diziam que eu não podia crescer muito por causa da válvula. Eu não podia correr, brincar. Isso me frustrou e eu não conseguia entender o porquê — conta Brenda, iniciada no candomblé aos 9 anos em uma das fases difíceis da doença. Aos 12, a menina recebeu uma notícia. O funcionamento do seu cérebro estava normalizado. Dona de olhos verdes como as águas da fonte de Oxum, divindade do amor, da beleza e dos rios e cachoeiras, ela conta: — Eu sempre acreditei que ia vencer. Quis fazer o santo, meu ritual de iniciação, com 9 anos e nunca me arrependi. Já fiz capoeira, vôlei e hoje jogo handebol. Sentada na esteira, com suas roupas de baiana, Brenda estende a mão ao amigo Ruan Rodrigues Fontoura, de 16 anos. Ele também chegou ao terreiro pela dor. Era rebelde na escola, vivia nas ruas e sofria com o afastamento da mãe. Preocupada em manter a própria subsistência e alimentar os cinco filhos, sobrava pouco tempo para acarinhar o menino, hoje um talento da casa. — Eu não tenho nem palavras para agradecer a essa casa. É tudo para mim — declama o menino, fazendo correr águas dos olhos de sua mãe de santo de Oxum.
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terça-feira, 27 de outubro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

Mãe Márciad'Oxum faz história no Candomblé

Mãe Márcia d'Oxum faz história no candomblé


O dia 5 de setembro foi histórico para o candomblé no Rio de Janeiro. Data em que Mãe Márcia d'Oxum celebrou o primeiro casamento afro com legitimidade civil. A emoção foi dobrada porque a noiva era sua filha, a universitária Arethuza Mara, que realizou o sonho de se casar com Wilian Jeferson, dentro da tradição iorubá. "Eu luto por várias causas da defesa da matriz africana. Tem que haver legalidade em tudo que nós fazemos e temos direito. Minha filha foi criada no candomblé. Ela se iniciou aos 5 anos. Por que o batizado ou o casamento só são reconhecidos de verdade se forem realizados na igreja? Foi o próprio noivo que questionou: "Por que temos uma religião e vamos nos casar em outra?"", conta Márcia.
Emocionada com o pedido dos noivos, Marcia foi ao cartório e conseguiu a certidão de celebração como ministra de culto. Como seu terreiro é legalizado há mais de três anos, ela obteve o documento. Depois, mandou confeccionar o livro de registro em uma gráfica. Para Márcia, que participará amanhã, às 10h, da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, em Copacabana, é muito importante que religiosos de matriz africana cada vez mais defendam sua identidade. "Temos que fortalecer qualquer movimento que nos dê respeitabilidade. É notório o crescimento do movimento contra a discriminação religiosa. Ano passado, levei quatro ônibus. Nesse, daria para encher seis. Quem foi, adorou ter ido e está chamando mais gente", conta a religiosa, baiana e filha-de-santo de Mãe Menininha do Gantois.
Agora, no terreiro, todas as filhas-de-santo querem se casar dentro da tradição. A beleza da celebração afro, que tem rituais de forte simbolismo como a virgem que lava os pés dos noivos e depõe a água na árvore sagrada e o pombo branco solto pelo casal ao fim da cerimônia, emocionou a comunidade. Cânticos em homenagem a Oxum (orixá feminino, é ligada ao amor e à fertilidade). "Os doze padrinhos colocavam pitadas dos elementos sagrados, como o ió (sal), em uma única vasilha, fazendo uma alquimia de bons fluidos. Os mais velhos também realizam o ritual. O axé é essa transmissão de palavra, que traz bons presságios. Juntos, os noivos soltam o pombo branco, que é o mensageiro, que levará esses desejos expressos nos elementos para o Orum (mundo superior)", explica Márcia.